Petista tem aprovação menor do que em 2003 e maior do que de Bolsonaro, em 2019
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) finaliza o primeiro ano do terceiro mandato como chefe do Executivo com 38% de aprovação, segundo as últimas pesquisas Ipec e Datafolha, realizadas em dezembro . O petista começou 2023 com 41% de aprovação, conforme o Ipec de março.
Lula iniciou o ano com 33% de aprovação, segundo o primeiro Datafolha de avaliação de governo, divulgado em abril. O levantamento apontou que ao longo desses meses, o presidente oscilou entre 30% e 31% de reprovação.
Na pesquisa Ipec, a reprovação de Lula chegou a 24% em março e terminou com 30% em dezembro.
Os dois levantamentos possuem margem de erro de 2 pontos percentuais.
Já de acordo com a pesquisa Quaest, Lula começou o ano com 40% de aprovação, enquanto 20% consideraram a gestão negativa. Em agosto, a aprovação chegou a 60% e 35% de reprovação. No mês de outubro, 54% dos entrevistados para este levantamento consideraram o governo do petista positivo, enquanto 42% desaprovaram.
A Quaest tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais e confiabilidade de 95%.
Lula fecha 2023 com aprovação abaixo de 2003, quando liderou o Brasil pela primeira vez. No fim daquele ano, ele tinha 42% de saldo positivo, 41% dos entrevistados consideravam o governo regular e 15%, reprovaram, segundo o Datafolha.
Em relação ao primeiro ano dos presidentes anteriores, Lula fica à frente de Jair Bolsonaro (PL), que fechou o primeiro ano na Presidência da República (2019) com 29% de aprovação e reprovação de 38%, segundo a pesquisa Ibope. O petista permanece atrás de Dilma Rousseff (PT), que marcou 59% de aprovação, 33% de regular e 6% de reprovação em 2011, conforme o Datafolha.
O que fez a aprovação de Lula cair?
De acordo com Wilson Pedroso, analista político e consultor eleitoral, Lula decepcionou principalmente na área da economia.
“O eleitorado está decepcionado porque, passado um ano do governo, ainda não percebe sinais de melhora da economia. As pessoas menos favorecidas cobram de Lula, não a picanha e a cerveja de uma das falas que marcaram a eleição passada, mas condições mínimas para uma melhora do orçamento doméstico e, consequentemente, na qualidade de vida de suas famílias. Essa queda na popularidade do presidente é, portanto, reflexo direto do desempenho da economia, que ainda patina”, avalia o especialista.
No final de novembro, a pesquisa O que pensa o mercado financeiro da Quaest divulgou um panorama sobre como o mercado vê o governo de Lula. O levantamento mostrou que 52% dos entrevistados, investidores de São Paulo e Rio de Janeiro, reprovaram a gestão do petista, enquanto 39% disseram que é regular e 9% aprovaram. Essa fotografia tem margem de erro de cinco pontos percentuais.
Ainda segundo a Quaest, outro fator que contribuiu para a queda da aprovação do governo de Lula foi a posição do Brasil em relação ao conflito entre Israel e Hamas e as viagens internacionais do presidente .
Sobre o conflito no Oriente Médio, Lula condenou os ataques do grupo extremista Hamas, mas também condenou os bombardeios de Israel.
“É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra”, afirmou o presidente em outubro.
Sobre as viagens internacionais, o petista foi para 24 países neste primeiro ano do terceiro mandato. A 15ª e última viagem de 2023 aconteceu no final de novembro, quando ele embarcou para um giro na Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes e Alemanha.
O presidente passou 70 dias fora do Brasil e só não viajou nos meses de março e outubro.
Com as eleições municipais no próximo ano, Lula deve priorizar as medidas econômicas. Além disso, ele se comprometeu a passar mais tempo viajando pelo Brasil do que para o exterior.
“O presidente deverá atuar para eleger o maior número possível de prefeitos aliados, especialmente nas capitais e cidades de maior porte, e para isso vai precisar mostrar ao eleitor que a economia vai engrenar efetivamente. Lula já dá sinais de que vem preparando esse terreno com a criação de novas políticas que miram as classes C, D e E, promessa valorização do salário mínimo e ainda acenos para possíveis melhoras nas condições de financiamento de imóveis pela classe média”, afirma Wilson Pedroso.
Para José Niemeyer, professor e coordenador do curso de Relações Internacionais no Ibmec, no Rio de Janeiro, Lula precisa continuar negociando projetos no parlamento em 2024.
“O crescimento do PIB para esse ano parece que vai ser satisfatório, acima dos 3%. No ano que vem, projetamos um aumento de 1,3%. Então tivemos aí um crescimento no emprego, no agronegócio, o que era esperado pós-pandemia. O que se percebe no governo Lula é um governo de transição após administração de Jair Bolsonaro, e sendo um governo de transição, Lula tem que saber negociar com o parlamento. Ele está tentando transitar em um corredor de grupos que o pressionam pra lá e para cá e, por isso, muitas vezes ele perde popularidade em função de um tema que está mais na agenda em detrimento de outros”, avalia Niemeyer.
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