O presidente brasileiro disse que o Brasil “segue em luto pelo conflito entre Israel e Palestina”
No primeiro discurso como presidente do G20, o mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aproveito o momento para comentar sobre o conflito que ocorre no Oriente Médio, entre Israel o grupo extremista Hamas. No discurso, o petista critica o que ele categoriza como inação por parte dos países-membros. A fala aconteceu no encontro da área financeira do G20 em Brasília, nesta quarta-feira (13).
Desde o início da guerra, no dia 7 de outubro, Lula tem se destacado como uma das principais vozes internacionais pedindo o cessar-fogo. Dentre os pontos mais levantados pelo líder brasileiro é referente a morte de mulheres e crianças civis, que representam a maior parte das vítimas feitas na guerra. Vale ressaltar que mais de 18 mil pessoas palestinas e 1,2 mil israelenses foram mortos nesses dois meses de conflito.
Durante o discurso, Lula disse que “não convém um mundo marcado pelo recrudescimento dos conflitos e crescente fragmentação”. Para o presidente brasileiro, há uma “violação cotidiana do direito humanitário” nos ataques trocados entre Israel e o Hamas, destacando a importância da libertação dos reféns.
“O Brasil segue de luto com o trágico conflito entre Israel e Palestina. A violação cotidiana do direito humanitário é chocante, e resulta [na morte de] milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças. O Brasil continuará trabalhando por um cessar-fogo permanente, que permita a entrada da ajuda humanitária em Gaza e pela libertação de todos os reféns [tomados] pelo Hamas.”, disse Lula.
Segundo o líder brasileiro, é “fundamental” que seja defendido pela comunidade internacional a construção de dois estados para os povos israelenses e palestinos, para que eles possam viver “lado a lado em segurança e em harmonia”. Ele reitera a palavra “harmonia” como a chave para não haver uma multiplicação das crises vivenciadas atualmente.
A reunião dos representantes das 20 maiores economias foi aberta por Lula, junto aos vice-ministros de finanças e representantes de Bancos Centrais do G20. Além de fazer críticas a como a guerra em Gaza vem sendo levada, ele ainda trouxe um reforço sobre a necessidade do combate às desigualdades, pois, segundo ele, “estão na raiz dos problemas que enfrentamos ou contribuem para agravá-los”.
Presidente do G20
Lula assume a cadeira de presidente do G20 neste mês, ficando a frente do bloco durante o ano de 2024. Vale ressaltar que uma das promessas de campanha do petista em 2022 foi a de reassumir o protagonismo internacional.
No discurso, Lula elencou três prioridades que serão vistas no seu mandato: a inclusão social, bem como o combate à fome e à pobreza; a promoção do desenvolvimento sustentável; e a reforma das “instituições de governança global”, para que haja maior equidade entre os países.
“Quase metade da população mundial – 3,3 bilhões de pessoas – vive em países que destinam mais recursos para o pagamento do serviço da dívida do que para a educação ou a saúde. Isso constitui uma fonte permanente de instabilidade política. Soluções efetivas pressupõem que os devedores, sejam eles de renda baixa ou média, possam se sentar à mesa para resguardar suas prioridades nacionais”, disse o presidente em seu discurso.
Outro ponto destacado por Lula é o que ele chama de “crescente fragmentação”, se referindo às formações de blocos protecionistas, que se somam às guerras e destruição ambiental. Para ele, a junção dos fatores podem acarretar em uma instabilidade geopolítica com “consequências imprevisíveis”.
A resposta para essa questão, segundo o petista, seria “uma nova globalização que combata a desigualdade”, tendo compromissos com as causas ambientais e que possam representar a pluralidade. A fala é vista como uma nova crítica à atual formação do Conselho de Segurança da ONU, em que o poder de veto fica exclusivo aos cinco países fixos.