Solo cedeu e água da lagoa de Mundaú avançou sobre o entorno da mina 18
Um drone sobrevoou a Mina 18, da Braskem, localizada no bairro Mutange, em Maceió , e flagrou o iminente risco de colapso. Nas imagens (abaixo), é possível ver fissuras em toda a estrutura do solo, resultantes das atividades de extração de sal-gema pela empresa. O afundamento da área tem feito com que a água da lagoa do Mundaú avance sobre as margens da mina.
As filmagens, registradas no último domingo (3), foram divulgadas pelo portal THN1. Segundo o mais recente relatório da Defesa Civil de Maceió, a taxa de afundamento da mina tem diminuído progressivamente. De acordo com o boletim divulgado pelo órgão, a região do bairro Mutange está afundando a uma velocidade de 0,3 centímetros por hora, menos da metade do índice anterior de 0,7 centímetros por hora. Nas últimas 24 horas, a área afundou 7,4 centímetros.
Apesar da desaceleração, a localidade e áreas adjacentes à Mina 18 permanecem em estado de alerta máximo devido ao iminente risco de colapso. Desde quinta-feira, quando se iniciou o monitoramento, a região já apresentou um afundamento total de 1,70 metro. No domingo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, minimizou a possibilidade de grandes deslocamentos de terra, afirmando que a situação local está em processo de estabilização.
Desde que o alerta máximo foi emitido, aproximadamente 5 mil pessoas evacuarem suas residências. Desde 2019, mais de 60 mil moradores foram realocados da área devido à gravidade da situação.
Especialistas preveem que, caso ocorra um colapso, este será localizado e não generalizado. O governo instalou sensores ao redor da área, permitindo o monitoramento em tempo real pela Defesa Civil de Maceió. O SGB/CPRM (Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) designou uma equipe especializada para acompanhar a evolução da situação.
Inércia dos governos
Abelardo Nobre, coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió, disse que a tragédia decorrente do afundamento da mina da Braskem é uma “resposta” da natureza às agressões sofridas ao longo das últimas décadas, responsabilizando a inação dos governos estaduais pelo que poderia ter sido feito para minimizar os danos. Ele afirma que mais de 110 agentes municipais estão prontos para intervir na região.
Nobre destaca que a natureza responde às agressões sofridas, reforçando que a fiscalização adequada e o respeito às normas ambientais por parte dos governos federal e estadual poderiam ter prevenido a situação.
Nobre esclarece que a prefeitura de Maceió implementou uma estrutura de monitoramento e prontidão 24 horas por dia para prestar assistência.
Todo o contingente da Defesa Civil da capital alagoana, composto por 117 agentes, está direcionado para prevenir desastres na região. Além disso, nos últimos dias, técnicos de órgãos federais chegaram à cidade para oferecer suporte às atividades de monitoramento. A presença de equipes do Serviço Geológico do Brasil também está em atuação.
Cenário sem precedentes
O coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió reitera que a situação na cidade é “única na história do país”, jamais vista por nenhum antecessor no cargo ou em defesas civis de outros estados.
No sábado, a prefeitura de Maceió afirmou que um eventual colapso da mina de sal-gema seria um “evento inédito no mundo”, impossibilitando, até o momento, a mensuração completa de todas as consequências desse fato.
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Por: ig.com.br