Considero fundamental oferecer uma opção mais segura para os usuários
Precisamos dar uma solução para as pessoas que vivem na rua, na área chamada de Cracolândia . Minha esposa está cansada das estórias de violência dos crackeiros contra os moradores da região e da falta de presença do Estado de São Paulo na região.
As pessoas que dormem na rua são normalmente crackeiros, pessoas viciadas em crack, uma droga derivada da cocaína. Ao contrário do senso comum, não vicia mais do que outras e nem causa a “queima” o cérebro, gerando uma legião de “zumbis”. Não vicia no primeiro no primeiro contato: 80% das pessoas que ‘consomem’ não se viciam. Na verdade, vicia menos que cigarro.
Esses mitos são derrubados pelo livro “Um preço muito alto”, de Carl Hart, um professor de Columbia, ele mesmo, quando adolescente, próximo ao crack e, hoje, um neurocientista especializado no tema.
A conclusão é que essa droga é barata e atinge pessoas pobres, sendo uma “droga de pobres”. E por ser associada aos pobres é estigmatizada, e acaba sendo refletido o medo que as elites têm das pessoas pobres. Isso levou a vários episódios de repressão feroz e violenta, que geraram imagens excelentes nos jornais das TVs. Além dessas imagens de barracas de papelão em chamas, nenhum ganho terapêutico foi obtido. Mas bater em cachorro morto faz bem a elite branca, que se ilude achando que está ganhando este Walking Dead tupiniquim.
Algumas pessoas vítimas da repressão pararam de consumir por curtos espaços de tempo, mas sem o “reforço alternativo”, nada vai durar. Esse reforço não é inédito ou desconhecido. O programa “braços abertos”, criado na gestão Haddad abrangia os principais aspectos preconizados pelos cientistas norte-americanos: o apoio pessoal, financeiro, laboral, médico e pisco.
Um país conservador como o nosso não aceita com facilidade esse conceito. Ainda estamos presos a moral do séc. 19, a moral do trabalho, onde não damos o peixe, ensinamos a pescar. Fingimos que isso resolve alguma coisa, aliviando nossa culpa judaico-cristã.
Coube ao paladino da Justiça João Doria “Caussacurta” (que coisa maldosa) acabar com o “Braços abertos”, ao qual se referiu como bolsa – crack. Associar uma política social a bandalheira e ao desperdício de dinheiro é recorrente na política e funciona muito bem com quem não tem propostas específicas. Foi apoiado pela mídia do Bolsonista, lógico!
Com a chegada de Bruno Covas ao posto, o programa foi retomado, em escala reduzida. Cerca de 800 pessoas participam do programa.
E hoje? Seja o que fazem, não atendem a população. São Paulo tem uma das melhores secretarias de assistência social do Brasil , com profissionais competentes e comprometidos. Eles compreendem a realidade dessa população e estão prontos a atendê-los. Segundo seus registros, a Cracolândia tem 1.343 frequentadores, metade deles residentes. Isso é pouca gente.
Considero fundamental oferecer uma opção mais segura para os usuários, um centro onde encontrem o apoio que precisam para viver e onde possam ficar a salvo dos fiscais da PMSP e dos rompantes dos comandantes da PM.
Assim, uma área deveria ser reservada para o centro de acolhimento público, talvez um terreno lindeiro na Barra Funda, onde haja acesso irrestrito aos usuários, opção de moradia (containers), alimentação e assistência médica e psicológica. Além da assistência laboral e educacional.
Sei que ideias desse tipo são fadadas a tomar porrada, então procure seu candidato a prefeito e saiba mais dos planos concretos para essa e outras questões relevantes para o povo. São muitas e se repetem há muito tempo.
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Por: ig.com.br