Levantamento do Sebrae-SP mostra também que a maioria não reservou ou não sabe se guardou dinheiro para o abono
Pagar o 13º salário não será uma das tarefas mais tranquilas para parte das micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo. Sondagem do Sebrae-SP revela que 60,5% das MPEs têm empregados com direito ao abono de fim de ano. Porém, 37,8% delas avaliam que será mais difícil arcar com a obrigação em 2018 do que foi em 2017.
Outras 37% das MPEs com empregados com direito ao 13º afirmam que o grau de dificuldade será o mesmo. Apenas 9,1% acreditam que será mais fácil quitar o compromisso.
Enquanto 45,8% das MPEs reservaram recursos para acertar a conta com os funcionários, 37,7% delas não realizaram provisões para pagar o 13º em 2018 e 16,4% não souberam dizer. Somando esses dois últimos grupos, a maioria, ou 54,1%, pode ter problemas para arcar com o pagamento já que não houve a preparação adequada nesse sentido.
Segundo estimativa do Sebrae-SP, o 13º pago pelas MPEs paulistas em 2018 somará R$ 13,1 bilhões, dinheiro que vai entrar em circulação na economia. O cálculo foi elaborado a partir de estatísticas do Ministério do Trabalho e metodologia do Dieese.
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Faturamento cresce em setembro
A melhora da economia e do consumo interno ajudou as MPEs paulistas a encerrar setembro com bons números: houve elevação na receita e ampliação do número de pessoas ocupadas, puxado por mais funcionários. De acordo com a pesquisa Indicadores, do Sebrae-SP, em relação a setembro de 2017 ocorreu aumento de 6,4% no faturamento real (já descontada a inflação) e crescimento de 2,3% no pessoal ocupado, o que representa alta de 178 mil pessoas. A receita total das MPEs em setembro foi de R$ 63 bilhões.
Segundo o levantamento, o melhor desempenho foi do comércio, cujo faturamento ficou 12,1% maior em setembro de 2018 ante o mesmo mês do ano passado. Os serviços apresentaram crescimento de 3,8% e a indústria registrou queda de 5,7% na mesma comparação.
Outro fator que pode ter colaborado para favorecer os resultados de setembro foi a liberação dos saques do PIS/Pasep, que estariam concentrados em agosto e setembro. Parte desse dinheiro pode ter sido destinada ao consumo.
Com exceção das MPEs localizadas no interior do Estado, que viram o faturamento cair 4,5% em setembro sobre igual período de 2017, as demais regiões tiveram expansão no valor das vendas: as do Grande ABC registraram alta de 41%; as da região metropolitana de São Paulo, 17,4% e as da capital, 10,6%. O aumento expressivo do faturamento dos negócios do Grande ABC é atribuído à recuperação da economia e à comparação com setembro de 2017, o pior setembro em índice de faturamento da série histórica, iniciada em janeiro de 1999.
Além do crescimento do pessoal ocupado, as MPEs paulistas também apresentaram aumento de 5,2% do rendimento médio dos empregados e o valor da folha de salários paga subiu 0,9% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado.
Microempreendedor Individual
Em mais um mês de maus resultados, os Microempreendedores Individuais (MEIs) do Estado de São Paulo viram seu faturamento cair em setembro na comparação com o de um ano antes. A retração foi de 2,2%, já descontada a inflação. Agosto também já havia registrado queda (-0,6%) ante agosto do ano passado. A receita total dos MEIs em setembro foi de R$ 4,3 bilhões.
Por setores, no período, as reduções no faturamento foram de 2,9% nos serviços; 2,1% na indústria e 1,3% no comércio.
Na análise por regiões, os recuos em setembro em relação a igual mês do ano anterior foram de 3,9% no interior e 0,7% na região metropolitana de São Paulo. A base relativamente mais forte de comparação do interior em setembro de 2017 contribuiu para o resultado mais fraco dessa região em setembro deste ano. No entanto, no acumulado de 2018, as duas regiões têm mostrado recuperação no faturamento, com alta de 13,8% e 9,3% na região metropolitana e interior, respectivamente. No ano de 2018, de janeiro a setembro, o faturamento dos MEIs cresceu 11,7% sobre os nove primeiros meses de 2017.
Expectativas
Entre os donos de MPEs, 47% disseram em outubro esperar que o faturamento do negócio se mantenha nos próximos seis meses. Já 32% acreditam em aumento e 6% falam que a receita irá piorar. A incerteza quanto à evolução da receita da empresa aumentou significativamente em 2018 em relação há um ano. Vinte e quatro por cento declararam que não sabem como será a evolução da receita, ante 9% há um ano.
Quanto à economia brasileira, 36% dos MEIs aguardam estabilidade nos próximos seis meses, 28% esperam melhora e 6% entendem que a economia vai piorar. 30% declararam que não sabem, ante 11% há um ano. Portanto, o nível de incerteza quanto à evolução da economia está relativamente elevado.
Para 51% dos MEIs, o faturamento nos próximos seis meses deve crescer. Outros 40% falam em estabilidade e 7% esperam diminuição na receita. Três por cento não souberam informar.
Sobre o comportamento da economia, 44% dos MEIs esperam melhora nos próximos seis meses, 38% creem em estabilidade e para 10% a situação vai piorar. Nove por cento não sabem.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1,7 mil proprietários de MPEs e 1 mil MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 4,8 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob essa figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
De: Rogério Lagos/ Chavantes Notícia